Ofertas Específicas
Texto Básico: Êxodo 35. 4 – 37.7
INTRODUÇÃO
O dízimo é de fato o método divino de contribuição.
Historicamente existiu antes da lei, no sacerdócio de Melquizedeque (Gn 14.20);
durante a lei, no sacerdócio levítico (Lv 27.32); e após a lei, no sacerdócio
de Jesus Cristo (Hb 7.21). Entregar o dízimo é reconhecer o senhorio de Cristo
sobre tudo o que existe e principalmente sobre os bens que Ele nos entrega para
administrar.
Entretanto, não podemos limitar as nossas
contribuições a Deus e à sua causa apenas ao dízimo. O dízimo é apenas o mínimo
(Mt 23.23). A graça de Deus aumentou a nossa responsabilidade. “Roubará o homem
a Deus? Todavia vós me roubais, e dizei: em que te roubamos? Nos dízimos! E nas
Ofertas alcançadas!” (Ml 3.8). Em atos dos apóstolos aprendemos que o Espírito
Santo toma posse da vida e dos bens do cristão levando-o a colocar à disposição
do Senhor todos os seus bens (At 2.44-45; 4.34).
Precisamos tomar cuidado com os extremos. Não podemos
transformar a Igreja numa casa comercial (Jo 2.16). Também não podemos, a
despeito de erros cometidos, suspender o ofertório do ato de culto e nem tão
pouco impedir a realização de ofertas específicas. Vejamos alguns textos
bíblicos na exposição a seguir.
EXPOSIÇÃO
1.
AS OFERTAS LEVÍTICAS (Lv 1.-7) – A forma exterior do culto israelita estabelecida em
Levítico é muito estranha a nós ocidentais. O contínuo abater de vítimas, o
derramar de sangue e as diversas formas de sacrifícios cruentos valeu-lhe da
parte do racionalismo, o epíteto de “religião do matadouro”.
Independentemente das opiniões humanas,
a Palavra de Deus ensina que aqueles rituais tinham por finalidade mostrar-nos
que “o salário do pecado é a morte” e
quem “sem derramamento de sangue não há
remissão dos pecados” (Rm 6.23; Hb 9.22). A idéia de substituição, segundo
a qual morria a vítima por seu ofertante, preparava o homem para a aceitação de
que Cristo foi entregue por nossos pecados e ressuscitou para nossa
justificação ou “Pois também Cristo morreu uma única vez, pelos pecados, o
justo pelos injustos, para conduzir-vos a Deus” (Rm 4.25; 1 Pe 5.18).
Através das ofertas de holocausto, de
manjares, pacíficas, pelo pecado e de reparação, representavam-se os diversos
aspectos do único sacrifício de Cristo. Essas ofertas foram chamadas “pão de
Deus” (Lv 21.6). Não possuíam valor intrínseco para tirar pecados e purificar a
consciência (Hb 9.9 e 10.4), eram tipos do único sacrifício que tira o pecado e
estabelece a nossa comunhão com Deus (Lv 17.11; Mt 26.28). Tudo quanto esses
sacrifícios simbolizavam consumou-se em Jesus Cristo na cruz (Jo 1.29;
19.28-30; Hb 9.25.26). “Fala aos filhos de Israel, e dize-lhes: Quando algum de
vós trouxer ofertas ao Senhor...” (Lv 1.2). O Senhor não começa dizendo “se
algum de vós trouxer”, mas sim “quando algum de vós trouxer”. Era obrigatório o
trazer. As ofertas constituíam a forma do culto com que se devia aproximar de
Deus, conforme se praticava desde os dias de Abel (Gn 4.4 e Hb 11.4). A oferta
é, portanto um ato de adoração.
2.
OFERTAS PARA O TABERNACÚLO (Ex 35.4 – 36.7) – Deus desejou habitar no meio do seu povo. O modo
que Ele mesmo escolheu foi através de uma tenda ou tabernáculo. O modelo desse
santuário bem como onde todos os seus móveis foram fornecidos por Deus (Êx
25.8-9). Os recursos para tamanho empreendimento seriam ofertados pelo povo.
Vejamos mais detalhes:
2.1.Origem – A campanha financeira para a construção do tabernáculo foi
ordenada pelo Senhor: Disse mais Moisés a
toda a Congregação dos filhos de Israel: Esta é a palavra que o Senhor ordenou
dizendo... (35.4).
2.2.As ofertas seriam para o Senhor: “uma oferta para o Senhor” (35.5). Esta
expressão se repete nos versos 21, 22, 24 e 29. A oferta será sempre um ato de
obediência e agrado a Deus. O alvo secundário ou histórico da campanha
financeira era a construção do tabernáculo com os seus utensílios (Êx 25.8-9).
2.3.Natureza – A oferta poderia ser em matéria (tecido, peles de animais,
madeira, azeite, pedras, especiarias, etc. (35.5-9); ou em mão de obra
(desenhistas, artesões, lapidadores, carpinteiros, artífices, etc ...
(35.30-35).
2.4.Motivação – O Senhor ordenou dizendo: “Tomai, do que tendes, uma oferta
para o Senhor, cada um, de coração disposto, voluntariamente a trará por oferta
ao Senhor ...” (35.4-5). Quatro aspectos são destacados por Deus:
2.4.1.
Conforme as
possibilidades do ofertante – “do que tendes”;
2.4.2.
A oferta deveria
ser individual “cada um”;
2.4.3.
“de coração
disposto”, isto é, a oferta resume a entrega do ofertante, a pessoa na sua
totalidade – entendimento, emoção e vontade;
2.4.4.
“voluntariamente
a trará” indica que a oferta seria espontânea, não derivada de coação.
A resposta do povo
a essa campanha pró-construção do tabernáculo, ordenada por Deus, foi altamente
positiva. As ofertas foram maiores que as necessidades. Moisés teve que
ordenar: É PROIBIDO TRAZER MAIS (Êx 36.6).
É
importante destacar que o dízimo já era uma prática estabelecida (Gn 14.20;
28.22).
3.
OFERTAS PARA OS POBRES (1 Co 16. 1-4) – Ao ter o seu apostolado reconhecido pelos líderes
de Jerusalém, Paulo recebeu uma única recomendação: “Recomendando-nos somente
que nos lembrássemos dos pobres, o que também me esforcei por fazer” (Gl 2.10).
Diante da grande fome que abateu sobre os crentes judaicos durante o reinado do
imperador Cláudio (41-54 A.D), confira em Atos 11.27-30, Paulo enceta uma
grande coleta entre as igrejas gentílicas em favor dos “santos” da igreja em
Jerusalém (2 Co 8.1; Rm 15.25-27). Paulo viu no uso do dinheiro uma expressão
da vida de comunhão com Cristo. Judeus e gentios unidos numa mesma fé, no mesmo
batismo, na mesma igreja (Ef 4.4-6). Em 1 Co 16.1-4, Paulo nos fala mais acerca
dessa coleta para os pobres.
3.1. O que é essa
oferta?
3.1.1.
Coleta – Significa
uma contribuição extra. Segundo W. Barclay, “era o oposto de um imposto; era
uma maneira de ofertar extraordinariamente” (Mt 15.5).
3.1.2.
Graça –
Descreve um dom ou privilégio imerecido. O contribuir deve ser visto como um
favor concedido por Deus (1 Co 16.3 = dádiva, generosidade e favor – At 20.35).
3.1.3.
Comunhão –
(koinonia) traduzido por “participarem” ou “partilharem”. O ato de ofertar é
partilhar com o outro dos seus bens (2 Co 8.4).
3.1.4.
Serviço –
(diakonia) indica que a oferta é um serviço prático, uma assistência, um
ministério contínuo do cristão (2 Co 8.4; 9.1,12,13; Fp 4.14-20).
3.1.5.
Liturgia –
(leitougia) traduz a oferta como um ato de culto, um serviço em forma de
adoração voluntária (2 Co 9.12; Fp 2.30).
3.2. Como deveria
ser a oferta?
“...coleta para os santos” (v.1) indica
que a oferta era específica, possuía um alvo definido.
“...Como ordenei às igrejas da Galácia”
(v.1). Ordenei (diatassô) revela que o ofertar era um mandamento ou uma
ordenança apostólica (1 Co 7.19; 9.14; Gl 3.19).
“No primeiro dia da semana” (v.2). A
oferta seria sistemática, isto é, aos domingos.
“...Cada um de vós” (v.2) revela a
individualidade e a personalidade de cada ofertante.
“...Ponha de parte, em casa” (v.2),
exige do ofertante um trabalho preparatório que deveria separar o dinheiro em
casa, antes de trazê-lo para a igreja.
“...Conforme a sua prosperidade” ou de
acordo com o sucesso nos negócios particulares. Deus nunca pede aquilo que não
temos.
“...E vá juntando para que não se faça
coletas quando eu for”.
Expressa o cuidado de Paulo em ordenar
o levantamento de dinheiro, sem permitir que dúvidas sejam levantadas sobre o
seu caráter (2 Co 2.17).
CONCLUSÃO
Ao concluir este estudo queremos
reafirmar que o dízimo é o método divino de contribuição. Entretanto é apenas o
mínimo. Jesus condenou àqueles que o transformam num falso aparato de
espiritualidade (Mt 23.23; Lc 18.12). Oferta é um ato de culto que envolve
aquilo que somos e temos. Realizar ofertas específicas para a construção de
templos, envio de missionários, ajuda aos necessitados não é uma prática que
contraria a Palavra de Deus.
PONTOS PARA DISCUTIR
1.
“Deus só aceita
ofertas depois que pagarmos a divida que é o dízimo” (Jacó Silva)
2.
Quem deve
administrar o dizimo e as ofertas?
3.
“Contribui de
acordo com a tua renda, para que Deus não a torne segundo a tua contribuição”
(P. Maschall).
Fonte: Lição 05 da Revista Educação Cristã volume IV - SOCEP – pág. 18 à 20.
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