GP - Cristo e Mamom - Primeira Igreja Batista em Camocim-CE

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quinta-feira, 2 de outubro de 2014

GP - Cristo e Mamom



Cristo e Mamom
Texto Básico: Mateus 6.24

INTRODUÇÃO
O termo "mamom", de origem aramaica, servia para designar a soma dos bens terrenos: Posses e dinheiro. Não era um deus oficial de qualquer culto pagão, mas se constituía, e ainda se constitui, verdadeiramente, um ídolo universal, pois nos tesouros materiais o homem coloca o coração (Mt 6.21). Eis porque os ricos, os que são idólatras de mamom, dificilmente entrarão no reino dos céus (Mc 10.25 Leia 10.23-31). Jesus, sabendo que mamom era deus de fato, não de direito, personalizou-o e lhe indicou o lugar ocupado na concorrência do senhorio a Jesus Cristo. A circunstância da não identificação de mamom o tornava mais universal, livre das fronteiras dos escrúpulos religiosos de cristãos e judeus. Então, o sapientíssimo (sábio) Nazareno procurou individualizá-lo, identificá-lo e qualificá-lo como a maior e mais poderosa divindade de um paganismo materialista que: 1. Preferia as posses deste mundo às riquezas celestiais. Exemplo: Jovem rico (Mc 10.17-22).  2. Priorizava a propriedade e a família, menosprezando a dimensão espiritual da existência, rejeitando o convite redentor do Mestre. Exemplos: O que comprou um campo; o que adquiriu cinco juntas de bois; o que tinha de ficar com a esposa (Lc 14.15-24).  3. Estimulava o mamocentrismo, a avareza e descaridade. Exemplos: O rico insensato (Lc 12.16-21), e o rico avarento e descaridoso com seu compatriota pobre, Lázaro. (Lc 16.19-31). Mamom, na verdade, nunca foi uma divindade pagã, mas é um ídolo terrível, um poderosíssimo senhor. Muitos, como Judas Iscariotes, trocam o Salvador pelo dinheiro.
EXPOSIÇÃO
1. DEUS E CÉSAR (Mt 22.15-22)
Os fariseus, em comum acordo, montaram uma armadilha, segundo eles infalível, para que nela Jesus caísse. Mandaram seus jovens alunos, acompanhados de herodianos, com a missão de perguntarem a Jesus se era lícito ou não pagar tributo a César. Supunham que qualquer resposta seria tomada como acusação contra o divino Mestre ou perante o tribunal romano ou diante do judaico. Jesus, porém, teve a terceira opção, a mais correta, tomada como parâmetro pela Reforma, que estabelece a definitiva separação entre a Igreja e o Estado, mantendo a responsabilidade com ambos: "Dai, pois, a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus" (v.21). O cristão possui dupla cidadania e, como tal, paga o que é devido ao seu governo, o tributo, e entrega a Deus o que lhe pertence, o Dízimo. Jesus, pois, reprova qualquer sonegação: A do imposto, que é do Estado, e a do Dízimo, que é de Deus. Com a magistral resposta nosso Senhor retira duas indevidas pretensões:
A do imperador romano de ser divino e senhor da Igreja.  A da Igreja de se intrometer em questões estatais e querer, às expensas (custas) dos cofres públicos, manter-se e manter seus privilégios.
O cenário do tempo de Tibério trazia no rosto a inscrição: “Tibério César Augusto, filho do Divino Augusto”, e no verso: “Sumo Pontífice”. Acreditava o rei de Roma possuir os poderes temporais e espirituais, como ainda hoje acredita o Papa.  Igreja e estado devem relacionar-se bem, mas sem vínculos oficiais. O governo nos fornece o dinheiro e o garante; com ele compramos, vendemos, recolhemos os impostos devidos; mantemos as obras sócias da Igreja e entregamos nossos dízimos para manutenção do culto e sustento da evangelização.
2. O DINHEIRO E O REINO DE DEUS
2.1. Consagração dos ungidos – Os levitas, no Velho Testamento, não receberam herança na Terra da Promissão (Nm 18.23-24; Dt 12.12), pois Deus precisava deles com dedicação exclusiva pra os serviços litúrgicos, guardas do Tabernáculo e mestres da lei; viviam da generosidade do povo (Dt 12.19) e das ofertas a Deus (Nm 18.8-20). A carne dos sacrifícios, antes comida pelos sacerdotes e levitas, agora é comida representativa e simbolicamente na participação eucarística: “Quem comer a minha carne e beber o meu sangue, permanece em mim e eu nele” (Jo 6.56 ver o contexto). Do sacrifício participa toda a Igreja, novo corpo sacerdotal de Deus.
Os apóstolos, no Novo Testamento, à semelhança dos levitas, foram retirados de suas profissões e posses e enviados sem qualquer compromisso com Mamom: “Não vos provereis de ouro, nem de prata, nem de cobre nos vossos cintos; nem de alforje para o caminho, nem de bordão: porque digno é o trabalhador do seu alimento” (Mt 10.9-10; cf 1Co 9.7-12). Deus jamais admitiu o mercenarismo no ministério pastoral. Jesus expulsou os vendedores e os cambistas do templo, homens desonestos, que exploravam os crentes em benefício próprio (Jo 2.13-17). Venalizar (corromper) o pastorado é profanação do ministério. O rebanho não é o do ministro, mas de Jesus Cristo, o Sumo Pastor de quem os pastores são escravos (douloi). Pastoreio de tempo parcial não é instituição bíblica, embora a Igreja de nossos tempos o admita. Dedicação exclusiva é o que Deus quer de seus pastores docentes, e a Igreja precisa tomar consciência disso. Os dons do Espírito e as bênçãos divinas não são produtos de mercado.
2.2. Consagração dos leigos – os ministros não devem ter subvenção do mundo secular, mas precisam ser sustentados com dignidade, sem ostentação e sem luxo. O sustento dos pastores segundo a ordenação divina, é direito, dever e privilégio da Igreja. Todo regenerado é escravo privilegiado de Deus, pois fica com 90% de sua renda, enquanto ao Senhor, dono de sua vida, de seu trabalho e de todos os seus meios de produção, cabe apenas 10%.
Dízimo não é desprendimento e nem generosidade, é obrigação, dever e honestidade. Generoso é Deus para com os seus escravos, dando-lhes 90%. O irregenerado não entende e não aceita o dízimo, mas tributa à carne, ao mundo e ao maligno muito mais, gastando seu dinheiro naquilo que não é pão (Is 55.2), sustentando a luxúria, a vaidade, os vícios físicos, sócias, morais, concupiscentes, carnais, que lhe danificam o corpo, corrompem-lhe o caráter, pervertem-lhe a mente, encurtam-lhe a vida. Há pessoas que dão tudo por um prazer sensual, mas acham absurdo um servo de Deus entregar ao seu Senhor a pequenina parcela de 10% para manutenção de sua obra no mundo. Os crentes da Igreja primitiva de Jerusalém, vendendo seus imóveis e bens, colocavam o produto da venda à disposição dos apóstolos para assistência aos necessitados (At 2.45; 4.34-35). Também os crentes pobres da Macedônia ofertaram generosamente em favor de seus irmãos da Judéia (2 Co 8.1-7). Porém, nenhum exemplo supera o da viúva pobre.
2.3. Viúva pobre (Lc 21:1-4) – No pátio das Mulheres do templo de Heródes ficava o gazofilácio, área reservada aos treze cofres em forma de trombeta. Cada um se destinava ao recolhimento de ofertas específicas. O povo depositava seus óbolos nas diversas trombetas, segundo a finalidade de cada uma. Jesus observava, notando que os ricos faziam ofertas generosas, mas o que ofertavam não lhes fazia falta, pois doavam das sobras, daquela parte que reservavam para gastos extras. Veio uma viúva muito pobre (penicha=paupérrima) e depositou numa das trombetas duas moedinhas de bronze (lepta). O valor do “lepton” (delgado, fino) era ínfimo, aproximadamente um quarto de centavo. Tão insignificante quantia, no entanto, representava tudo que possuía todo seu sustento. Sobre o evento em apreço ressaltemos o seguinte: 2.3.1 – ser viúva israelita nos tempos neotestamentários era muito difícil. O quadro se agravava com o estado de extrema pobreza, da ofertante.  2.3.2 – menosprezada por sua condição de mulher e de viúva, amava a Deus sobre todas as coisas, mais do que a si mesma. Amava por consagração pessoal e íntima, não por atos declaratórios verbosos ou por exibição pública de piedade. 2.3.3 – a sua pequenina oferta, mas tudo que possuía, foi, na verdade, um sacrifício, uma oferenda a Deus de seu próprio ser. Para ela, a totalidade de suas posses pertencia a Deus. Os outros ofertantes, resguardado o patrimônio pessoal, entregavam uma parte das sobras. Eram crentes ainda muito materialistas por confiarem mais no dinheiro que possuíam. Certamente Deus não deixou sua serva, viúva, amorosa, consagrada e confiante, passar necessidade, fazendo cumprir em sua vida o imperativo da promessa: “Buscai, pois em primeiro lugar o seu reino e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas” (MT 6.33).

CONCLUSÃO
O mamonismo se expressa hoje:
1.       Em consumismo, luxúria e esbanjamento.
2.       Em ministros venais, voltados para a renda mensal, não devotados a Deus, homens de duplas profissões, a de pastores e a de funcionários seculares, incluindo aqui alguns que ministram por dinheiro, condicionando ao salário. Certamente há exceções.
3.       Em servos que dizem amar a Deus, mas lhe negam a totalidade de seus dízimos ou parte deles. Deus não tolera a infidelidade e a falsidade de seus filhos. Vejam o que acontece a Ananias e Safira (At 5. 1-11). O que é de Deus não pode ser retido.
4.       Em pessoas que, supondo conseguir suficiência, independência, projeção e predominância, apegam-se fanaticamente ao dinheiro, tornando-se escravas de mamom, avarentas, chegando mesmo à impiedade, à desumanidade, à incredulidade. O dinheiro quando se torna o objeto de nosso amor e o centro de nossa esperança é, realmente, raiz de todos os males.

Pontos para Discutir
1 – O que significa o Mamonismo?
2 – O que, espiritualmente, diferencia a viúva pobre dos outros ofertantes?
3 – “Pastoreio de tempo parcial é instituição Bíblica”?


Fonte: Lição 02  da Revista Educação Cristã volume IV - SOCEP – pág. 7 à 10.

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