Cristo e Mamom
Texto Básico:
Mateus 6.24
INTRODUÇÃO
O termo "mamom", de
origem aramaica, servia para designar a soma dos bens terrenos: Posses e dinheiro. Não era um deus oficial de qualquer culto
pagão, mas se constituÃa, e ainda se constitui, verdadeiramente, um
Ãdolo universal, pois nos tesouros materiais o homem coloca o coração (Mt
6.21). Eis porque os ricos, os que são idólatras de mamom, dificilmente
entrarão no reino dos céus (Mc 10.25 Leia 10.23-31). Jesus, sabendo que mamom
era deus de fato, não de direito,
personalizou-o e lhe indicou o lugar ocupado na concorrência do senhorio a Jesus
Cristo. A circunstância da não identificação de mamom o tornava mais universal,
livre das fronteiras dos escrúpulos religiosos de cristãos e judeus. Então, o sapientÃssimo
(sábio) Nazareno procurou individualizá-lo,
identificá-lo e qualificá-lo como a maior e mais poderosa divindade de um
paganismo materialista que: 1. Preferia as posses deste mundo às riquezas celestiais. Exemplo: Jovem rico (Mc 10.17-22).
2. Priorizava a propriedade e a famÃlia, menosprezando a dimensão
espiritual da existência, rejeitando o convite redentor do Mestre. Exemplos:
O que comprou um campo; o que adquiriu cinco juntas de bois; o que tinha de
ficar com a esposa (Lc 14.15-24). 3.
Estimulava o mamocentrismo, a avareza e descaridade. Exemplos: O rico insensato (Lc 12.16-21),
e o rico avarento e descaridoso com seu compatriota pobre, Lázaro. (Lc
16.19-31). Mamom, na verdade, nunca foi uma divindade pagã, mas é um Ãdolo
terrÃvel, um poderosÃssimo senhor. Muitos, como Judas Iscariotes, trocam o
Salvador pelo dinheiro.
EXPOSIÇÃO
1. DEUS E CÉSAR (Mt 22.15-22)
Os fariseus, em comum acordo, montaram uma armadilha, segundo eles
infalÃvel, para que nela Jesus caÃsse. Mandaram seus jovens alunos,
acompanhados de herodianos, com a missão de
perguntarem a Jesus se era lÃcito ou não pagar tributo a César. Supunham que
qualquer resposta seria tomada como acusação contra o divino Mestre ou
perante o tribunal romano ou diante do judaico. Jesus, porém, teve a terceira opção, a mais correta, tomada como parâmetro pela
Reforma, que estabelece a definitiva separação entre a Igreja e o Estado,
mantendo a responsabilidade com ambos: "Dai, pois, a César o que é de
César, e a Deus o que é de Deus" (v.21). O cristão possui dupla
cidadania e, como tal, paga o que é devido ao seu governo, o tributo, e entrega
a Deus o que lhe pertence, o DÃzimo. Jesus, pois, reprova qualquer sonegação: A do imposto, que é do Estado, e a do
DÃzimo, que é de Deus. Com a magistral resposta nosso Senhor retira duas
indevidas pretensões:
A do imperador romano de ser divino e senhor da
Igreja. A da Igreja de se intrometer em
questões estatais e querer, às expensas (custas) dos cofres públicos, manter-se
e manter seus privilégios.
O cenário do tempo de Tibério trazia no rosto a inscrição: “Tibério
César Augusto, filho do Divino Augusto”, e no verso: “Sumo PontÃfice”.
Acreditava o rei de Roma possuir os poderes temporais e espirituais, como ainda
hoje acredita o Papa. Igreja e estado
devem relacionar-se bem, mas sem vÃnculos oficiais. O governo nos fornece o
dinheiro e o garante; com ele compramos, vendemos, recolhemos os impostos
devidos; mantemos as obras sócias da Igreja e entregamos nossos dÃzimos para
manutenção do culto e sustento da evangelização.
2. O DINHEIRO E O REINO DE DEUS
2.1. Consagração dos ungidos – Os levitas, no Velho Testamento, não receberam
herança na Terra da Promissão (Nm 18.23-24; Dt 12.12), pois Deus precisava
deles com dedicação exclusiva pra os serviços litúrgicos, guardas do
Tabernáculo e mestres da lei; viviam da generosidade do povo (Dt 12.19) e das
ofertas a Deus (Nm 18.8-20). A carne dos sacrifÃcios, antes comida pelos
sacerdotes e levitas, agora é comida representativa e simbolicamente na
participação eucarÃstica: “Quem comer a minha carne e beber o meu sangue,
permanece em mim e eu nele” (Jo 6.56 ver o contexto). Do sacrifÃcio participa
toda a Igreja, novo corpo sacerdotal de Deus.
Os
apóstolos, no Novo Testamento, à semelhança dos levitas, foram retirados de
suas profissões e posses e enviados sem qualquer compromisso com Mamom: “Não
vos provereis de ouro, nem de prata, nem de cobre nos vossos cintos; nem de
alforje para o caminho, nem de bordão: porque digno é o trabalhador do seu
alimento” (Mt 10.9-10; cf 1Co 9.7-12). Deus jamais admitiu o mercenarismo no
ministério pastoral. Jesus expulsou os vendedores e os cambistas do templo,
homens desonestos, que exploravam os crentes em benefÃcio próprio (Jo 2.13-17).
Venalizar (corromper) o pastorado é profanação do ministério. O rebanho não é o
do ministro, mas de Jesus Cristo, o Sumo Pastor de quem os pastores são
escravos (douloi). Pastoreio de tempo parcial não é instituição bÃblica, embora
a Igreja de nossos tempos o admita. Dedicação exclusiva é o que Deus quer de
seus pastores docentes, e a Igreja precisa tomar consciência disso. Os dons do
EspÃrito e as bênçãos divinas não são produtos de mercado.
2.2. Consagração dos leigos – os ministros não devem ter subvenção do mundo
secular, mas precisam ser sustentados com dignidade, sem ostentação e sem luxo.
O sustento dos pastores segundo a ordenação divina, é direito, dever e
privilégio da Igreja. Todo regenerado é escravo privilegiado de Deus, pois fica
com 90% de sua renda, enquanto ao Senhor, dono de sua vida, de seu trabalho e
de todos os seus meios de produção, cabe apenas 10%.
DÃzimo não é desprendimento e nem generosidade, é obrigação, dever e
honestidade. Generoso é Deus para com os seus escravos, dando-lhes 90%. O
irregenerado não entende e não aceita o dÃzimo, mas tributa à carne, ao mundo e
ao maligno muito mais, gastando seu dinheiro naquilo que não é pão (Is 55.2),
sustentando a luxúria, a vaidade, os vÃcios fÃsicos, sócias, morais,
concupiscentes, carnais, que lhe danificam o corpo, corrompem-lhe o caráter,
pervertem-lhe a mente, encurtam-lhe a vida. Há pessoas que dão tudo por um
prazer sensual, mas acham absurdo um servo de Deus entregar ao seu Senhor a
pequenina parcela de 10% para manutenção de sua obra no mundo. Os crentes da
Igreja primitiva de Jerusalém, vendendo seus imóveis e bens, colocavam o
produto da venda à disposição dos apóstolos para assistência aos necessitados
(At 2.45; 4.34-35). Também os crentes pobres da Macedônia ofertaram
generosamente em favor de seus irmãos da Judéia (2 Co 8.1-7). Porém, nenhum
exemplo supera o da viúva pobre.
2.3. Viúva pobre (Lc 21:1-4) – No pátio das Mulheres do templo de Heródes ficava o
gazofilácio, área reservada aos treze cofres em forma de trombeta. Cada um se
destinava ao recolhimento de ofertas especÃficas. O povo depositava seus óbolos
nas diversas trombetas, segundo a finalidade de cada uma. Jesus observava,
notando que os ricos faziam ofertas generosas, mas o que ofertavam não lhes
fazia falta, pois doavam das sobras, daquela parte que reservavam para gastos
extras. Veio uma viúva muito pobre (penicha=paupérrima) e depositou numa das
trombetas duas moedinhas de bronze (lepta). O valor do “lepton” (delgado, fino)
era Ãnfimo, aproximadamente um quarto de centavo. Tão insignificante quantia,
no entanto, representava tudo que possuÃa todo seu sustento. Sobre o evento em
apreço ressaltemos o seguinte: 2.3.1 – ser
viúva israelita nos tempos neotestamentários era muito difÃcil. O quadro se
agravava com o estado de extrema pobreza, da ofertante. 2.3.2 –
menosprezada por sua condição de mulher e de viúva, amava a Deus sobre
todas as coisas, mais do que a si mesma. Amava por consagração pessoal e
Ãntima, não por atos declaratórios verbosos ou por exibição pública de piedade.
2.3.3 – a sua pequenina oferta, mas
tudo que possuÃa, foi, na verdade, um sacrifÃcio, uma oferenda a Deus de seu
próprio ser. Para ela, a totalidade de suas posses pertencia a Deus. Os outros
ofertantes, resguardado o patrimônio pessoal, entregavam uma parte das sobras.
Eram crentes ainda muito materialistas por confiarem mais no dinheiro que
possuÃam. Certamente Deus não deixou sua serva, viúva, amorosa, consagrada e
confiante, passar necessidade, fazendo cumprir em sua vida o imperativo da
promessa: “Buscai, pois em primeiro lugar o seu reino e a sua justiça, e todas
estas coisas vos serão acrescentadas” (MT 6.33).
CONCLUSÃO
O mamonismo se
expressa hoje:
1.
Em consumismo, luxúria e esbanjamento.
2.
Em ministros venais, voltados para a renda mensal,
não devotados a Deus, homens de duplas profissões, a de pastores e a de
funcionários seculares, incluindo aqui alguns que ministram por dinheiro,
condicionando ao salário. Certamente há exceções.
3.
Em servos que dizem amar a Deus, mas lhe negam a
totalidade de seus dÃzimos ou parte deles. Deus não tolera a infidelidade e a
falsidade de seus filhos. Vejam o que acontece a Ananias e Safira (At 5. 1-11).
O que é de Deus não pode ser retido.
4.
Em pessoas que, supondo conseguir suficiência,
independência, projeção e predominância, apegam-se fanaticamente ao dinheiro,
tornando-se escravas de mamom, avarentas, chegando mesmo à impiedade, à desumanidade,
à incredulidade. O dinheiro quando se torna o objeto de nosso amor e o centro
de nossa esperança é, realmente, raiz de todos os males.
Pontos para Discutir
1 – O que significa o Mamonismo?
2 – O que, espiritualmente, diferencia a viúva pobre dos outros
ofertantes?
3 – “Pastoreio de tempo parcial é instituição BÃblica”?
Fonte: Lição 02 da Revista Educação
Cristã volume IV - SOCEP – pág. 7 à 10.
Nenhum comentário:
Postar um comentário